Personagens Marcantes
Acompanho com admiração os projetos e aventuras de Amyr Klink, desde sua histórica travessia do Atlântico em um pequeno barco a remo, o Paraty. Também admirando o ótimo escritor que ele é, anos depois eu li, quase de uma só vez, o relato da aventura pelo próprio >>> Amir Klink em “CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR”. Já no prefácio, uma lição a todos que dividem sua vida com o mar:
Igual a Klink, outros navegadores, em todos os tempos, produziram grandes feitos e têm minha reverência.
É o caso, por exemplo, de Sir Alec Rose, navegador inglês que foi condecorado pela Rainha depois de sua notável circunavegação solo a bordo do Lively Lady, um sloop de 36 pés.
“Olhei fixamente para aquela grande elevação de terra. Era ele. E aquele era o tão sonhado e planejado momento. Então pensei em todos os que tinham passado por ali. Marinheiros solitários em suas intrépidas embarcações. Eu era mais um deles, olhando com respeito para o mais temido de todos os cabos.” (Sir Alec Rose, ao passar o Cabo Horn, como descrito em seu livro "My Lively Lady").
Alto, magro, com um nariz proeminente e olhos macios, parcialmente fechados quando relaxado, alguns dias após seu qüinquagésimo nono aniversário, numa idade em que a maioria dos homens estão revendo seus problemas financeiros, preparando-se para a aposentadoria, aquele ex-vendedor de flores estava realizando um sonho de jovem, que era velejar sozinho ao redor do mundo, à maneira do velho Joshua Slocum – outro velejador notável, o primeiro homem a realizar tal façanha.
O próprio Slocum, em seu livro “Velejando Solitário ao Redor do Mundo”, resume bem porque é, ele mesmo, um personagem digno de admiração e de ter ainda hoje cultuada a sua memória de velejador intrépido e amante do mar acima de tudo:
“Nasci em meio aos ventos e estudei o mar como poucos homens talvez tenham estudado, negligenciando todo o resto”.
VELEJANDO SOLITÁRIO AO REDOR DO MUNDO Com
um pequeno veleiro recuperado da areia por suas próprias
mãos, algumas poucas moedas no bolso, um relógio
com mostrador quebrado como cronômetro, um compasso e velhas
cartas de navegação, a narrativa de como Joshua
Slocum foi em 1898 o primeiro homem a circunavegar o globo em
solitário tornou-se um dos imortais clássicos
marítimos, colocando-o lado a lado com os maiores
navegadores de todos os tempos. "Velejando Solitário pelo Mundo" foi o terceiro livro de Slocum, que encontrou na pena uma forma de custear as suas viagens e o sustento da família, depois de perder tudo que tinha no naufrágio do navio que comandava na baía de Paranaguá, Brasil. Viúvo e morando em uma cabana na beira da praia, construiu artesanalmente um barco para levá-lo com os 5 filhos de volta aos Estados Unidos, história que contou em outro livro, "The Voyage of the Liberdade". Dotado de uma prosa vigorosa e bem humorada, Slocum modestamente nos conta seus encontros com piratas, tempestades e todos perigos de uma viagem de enorme audácia e magnitude considerados os recursos da época, onde ressalta-se, dentre outras deliciosas linhas, o famoso trecho em que o autor conta sua passagem pelo Cabo Horn e o Estreito de Magalhães, enfrentando os índios da Terra do Fogo com um velho rifle e um punhado de pregos espalhados pelo convés do Spray... Porto Alegre,
9 de dezembro de 1998. SLOCUM,
Joshua - Velejando Solitário ao Redor do Mundo,
Porto Alegre, Mercado Aberto, 1991. (In www.terra-australis.com.br) |